Na atual temporada, um dos poucos que tem algo a comemorar dentro do elenco
rossonero é o goleiro Christian Abbiati, que, em sua oitava temporada em Milanello, finalmente não vem sendo posto em discussão.
Nascido aos 8 de julho de 1977 em Abbiategrasso, na bacia do rio Po, na província de Milão, filho único de due portieri - Rosi e Luigi (portiere no sentido de portinaio, ou seja, o profissional que no Brasil é comumente chamado de porteiro), Abbiati começou no futebol muito cedo, precisamente aos 11 anos, defendendo o Aurora, time dell'oratorio San Giovanni Bosco.
E, por ser o mais alto do grupo, aquele garoto tifoso da Internazionale por influência paterna e fã incondicional de Walter Zenga, acabou no gol...
Em 1990, Christian saiu de sua cidade natal e, depois de peregrinar por Trezzano e Assago, chegou a sua prima vera squadra, o Corsico, equipe que milita no Eccellenza e onde conheceu seu até hoje melhor amigo, o ex-lateral Francesco Coco.
Então, ao final de uma partida em que defendeu 2 pênaltis, o jovem goleiro foi procurado por dirigentes do Milan que estavam nas arquibancadas, mas já era tarde: Abbiati havia acertado com o Monza!
Na equipe rossobianca, Abbiati fez sua estréia na Serie C1 em 30 de dezembro de 1994 antes de ser mandado ao Borgosesia, nel campionato Dilettanti, para ganhar experiência.
Obrigado a acordar às 04h00 e trabalhar em uma panificadora antes de ir treinar na hora do almoço, Abbiati logo conquistou o posto de titular na equipe e anche la maglia della Nazionale Dilettanti, seguida daquela da Nazionale Militare e da Under 20 di Serie C.
De volta ao Monza em 1996, L'amico Delle Nuvole como carinhosamente apelidado pelo telecronista Carlo Pellegatti, sofreu apenas 17 gols em 25 partidas e terminou o ano promovido à Serie B, onde estreou na temporada 1997/1998.
Contratado pela poderosa società de Via Turati, Abbiati se apresentou ao Milan em julho de 1998 para ser o 3º goleiro dopo Sebastiano Rossi e Jens Lehmann.
Porém, a vida daria uma rápida reviravolta e, depois da saída do deludente alemão, aquele jovem goleiro que treinava como atacante poichè tutte le porte sono occupate, acabou fazendo sua estréia na Serie A em 17 de janeiro de 1999 na partida Milan x Perugia, depois da expulsão do titular Rossi, entrando no lugar de Weah aos 92' após inclusive seus pais terem deixado o estádio de San Siro!
Porém, os pais do giovane portiere, então já integrante da Under 21 treinada por Tardelli, não tiveram que esperar muito, vez que Abbiati foi, naquele momento, titularizado na meta rossonera, terminando a stagione 1998/1999 com 18 presenças e o scudetto no peito (a figurinha do alto é da temporada seguinte, 1999/2000).
Confirmado como titular da meta rossonera para o campeonato em seqüência e merecedor de rasgados elogios de Berlusconi, Abbiati fez sua estréia na Champions League contra o Chelsea em setembro de 1999 e chegou à seleção italiana principal, convocado por Dino Zoff após conquistar o Europeo com a U21, para substituir o lesionado Gigi Buffon na Euro 2000.
Depois de participar, como titular, das Olímpiadas de Sydney e de ter começado muito bem a temporada 2000/2001 da Serie A, Abbiati terminou o campeonato novamente como reserva de Rossi, condicionado por uma lesão que o deixou afastado dos gramados por algumas semanas.
Na temporada seguinte, com o turco Terim sulla panchina milanista, Abbiati reconquistou o posto de titular, que manteve com a chegada de Ancelotti em novembro de 2001.
Em abril de 2002, o goleiro de 1,91 m e 92 kg realizou sua 100ª partida com o Milan na Serie A e recebeu uma placa comemorativa das mãos de Galliani e subscrita por Berlusconi, mas, após participar da Copa do Mundo de 2002 como 3º goleiro da Azzurra, se machucou na prima partita stagionale contra o Slovan Liberec pela Champions League e acabou abrindo espaço para a explosão de Dida, que assumiu o posto de titular do Milan.
Em 2005, cansado de fazer às vezes de reserva do goleiro brasileiro, Abbiati foi cedido ao Genoa, mas o clube rossoblù acabou rebaixado à Serie C1 e Christian retornou ao Milan, de onde foi emprestado à Juventus para, mais uma vez, substituir Buffon, gravemente lesionado após um choque com Kaká durante o Trofeo Berlusconi.
Na Juve, Abbiati foi titular durante 6 meses, período em que sofreu apenas 9 gols em 19 partidas, sendo importante para a conquista do título posteriormente assegnato à Inter.
Na temporada seguinte, Abbiati foi mais uma vez emprestado pelo Milan, desta vez ao Torino e, na subseqüente, ao Atlético de Madrid, onde começou como reserva de Leo Franco e depois conquistou o posto de titular e uma vaga na Champions League.
De volta ao Milan em maio de 2008, inicialmente cotado para ser 3º goleiro atrás de Dida e Kalac, Abbiati logo ganhou a posição de titular e, não obstante a desconfiança de boa parte da torcida e até da imprensa especializada, tem se mostrado um dos poucos pontos positivos da temporada rossonera (um pouco mais acima a figurinha do campeonato in corso, extraída do álbum Calciatori 2008-09, que faz sua estréia no Calcio Serie A!).
Mas, se em termos esportivos Abbiati vai muito bem, polêmico, resolveu por fogo ao admitir, em recente entrevista ao tradicional jornal La Gazzetta dello Sport, ser favorável a alguns princípios do fascismo, "como a pátria, a ordem social e o respeito à religião católica", embora tenha ressaltado não concordar "com seus erros, com a aliança com Hitler, as leis raciais e a entrada na guerra".
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