Memorabilia - Bearzot
Para muitos, em especial para os brasileiros, o nome Enzo Bearzot está intimamente ligado a chamada Tragédia de Sarriá, quando uma das melhores seleções brasileiras de todos os tempos foi eliminada pela Itália de Paolo Rossi, que alguns dias depois seria campeã do mundo no Santiago Bernabeu contra a então Alemanha Ocidental (abaixo, no meio da multidão, Bearzot exatamente ao lado de Pablito Rossi - Getty Images).
Porém, a pecha de algoz do time de Telê Santana não condiz com o caráter desse que é o treinador que mais comandou a Azzurra (computando apenas as oficiais, 88 partidas contra 87 de Pozzo) e que, reconhecidamente, era, essencialmente, um "uomo di grandi valori" (Bruno Conti) e "di un’onestà cristallina" (Dino Zoff).
Porém, a pecha de algoz do time de Telê Santana não condiz com o caráter desse que é o treinador que mais comandou a Azzurra (computando apenas as oficiais, 88 partidas contra 87 de Pozzo) e que, reconhecidamente, era, essencialmente, um "uomo di grandi valori" (Bruno Conti) e "di un’onestà cristallina" (Dino Zoff).
Mas, se o auge da carreira de treinador de Bearzot é bastante conhecido, menos é sua história dentro dos gramados.
Nascido em Aiello del Friuli aos 26 de setembro de 1927 em uma família abastada (seu pai era diretor de banco), o jovem Enzo pode freqüentar os melhores colégios que o proporcionaram uma formação bastante sólida, mas sempre encontrou tempo para também praticar seu esporte predileto, o futebol!
Em 1946, aos 18 anos, o calcio efetivamente deixou de ser apenas um divertimento na vida de Bearzot quando este foi levado por um dirigente ao Pro Gorizia, então na Serie B.
Centrocampista difensivo dotado de grande poder de marcação e excelente senso de antecipação, Bearzot logo trocou o campionato cadetto pela poderosa Internazionale (ao lado - Inter), onde permaneceu de 1948 a 1951 e com a qual estreou na Serie A na vitória contra o Livorno por 3 x 1 válida pela 11ª rodada do torneio 1948/1949.
Ainda bastante jovem, Bearzot, obscurizado em um elenco repleto de estrelas, acabou cedido ao Catania, onde teve oportunidade de jogar com maior continuidade (na foto abaixo, à direita, uma formação etnea na temporada 1952/1953, sendo que Bearzot é o 2º jogador em pé, da esquerda para a direita - Panini) e amadurecer como uomo e calciatore.
Obtida a promoção à Serie A ao final da temporada 1953/1954, Bearzot foi contratado pelo Torino, que se tornaria l'amore della sua vita di giocatore.
Centrocampista difensivo dotado de grande poder de marcação e excelente senso de antecipação, Bearzot logo trocou o campionato cadetto pela poderosa Internazionale (ao lado - Inter), onde permaneceu de 1948 a 1951 e com a qual estreou na Serie A na vitória contra o Livorno por 3 x 1 válida pela 11ª rodada do torneio 1948/1949.
Ainda bastante jovem, Bearzot, obscurizado em um elenco repleto de estrelas, acabou cedido ao Catania, onde teve oportunidade de jogar com maior continuidade (na foto abaixo, à direita, uma formação etnea na temporada 1952/1953, sendo que Bearzot é o 2º jogador em pé, da esquerda para a direita - Panini) e amadurecer como uomo e calciatore.
Obtida a promoção à Serie A ao final da temporada 1953/1954, Bearzot foi contratado pelo Torino, que se tornaria l'amore della sua vita di giocatore.
Titular do Toro desde o início de sua aventura granata, Bearzot, que não era um primor tecnicamente, marcou seu 1º gol na Serie A ainda no campeonato 1954/1955 ... e logo o decisivo na vitória contra o Catania por 1 x 0 em 26 de dezembro de 1954, pela 13ª giornata.
Versátil, capaz de atuar com desenvoltura também na defesa, Bearzot, em sua 2ª temporada no Torino (ao lado com a mítica maglia granata - Corriere della Sera), acabou coroando suas boas atuações com a convocação do allenatore Foni para defender a Itália contra a Hungria em Budapeste.
Porém, quis o destino que coubesse ao Vecio logo o cômputo de marcar o lendário Puskas, autor de 1 dos gols húngaros na vitória sobre a Azzurra por 2 x 0, que acabou sendo a única aparição de Bearzot como jogador no selecionado principal da Itália.
No campeonato 1956/1957 Bearzot acabou retornando à Internazionale, desta vez como titular em um time que tinha como astros o atacante Lorenzi (conheça mais acessando http://calcioseriea.blogspot.com/2007/05/memorabilia-lorenzi.html) e os meias Pandolfini e Skoglund, mas contava também Masiero (vide http://calcioseriea.blogspot.com/2009/04/memorabilia-masiero.html) e acabou sucumbindo diante das idéias diametralmente opostas de Frossi e Ferrero, escolhidos para comandar a Beneamata pelo presidente Angelo Moratti e posteriormente substituídos pelo solito Meazza.
Aí, de volta ao Torino, Bearzot transcorreu outras 7 temporadas, se tornando mesmo capitano da equipe (na foto abaixo, o capitão Bearzot em jogo contra o Genoa - La Stampa).
No campeonato 1956/1957 Bearzot acabou retornando à Internazionale, desta vez como titular em um time que tinha como astros o atacante Lorenzi (conheça mais acessando http://calcioseriea.blogspot.com/2007/05/memorabilia-lorenzi.html) e os meias Pandolfini e Skoglund, mas contava também Masiero (vide http://calcioseriea.blogspot.com/2009/04/memorabilia-masiero.html) e acabou sucumbindo diante das idéias diametralmente opostas de Frossi e Ferrero, escolhidos para comandar a Beneamata pelo presidente Angelo Moratti e posteriormente substituídos pelo solito Meazza.
Aí, de volta ao Torino, Bearzot transcorreu outras 7 temporadas, se tornando mesmo capitano da equipe (na foto abaixo, o capitão Bearzot em jogo contra o Genoa - La Stampa).
Em 1964, depois de 205 partidas com o Torino na Serie A (que devem ser somadas a outras 46 com a Inter para totalizar as 251 aparições de Bearzot nella massima serie), aos 37 anos, Il Vecio se despediu dos gramados para exercer, após um breve período como treinador de goleiros, o mister di allenatore.
Assistente de Nereo Rocco e posteriormente de Edmondo Fabbri, Bearzot teve apenas uma breve experiência como técnico no Prato (na Serie C) antes de ingressar nei quadri federali, inicialmente como treinador de categoria de base e, depois da Copa do Mundo de 1974, já do selecionado principal, o qual conduziu brilhantemente nas edições seguintes de 1978 e 1982, fechando seu ciclo com a Copa do Mundo do México em 1986.
Muito querido pelos seus comandados, o técnico Bearzot tinha como principal característica extrair o máximo empenho de seus jogadores, formando grupos muito unidos.
Muito querido pelos seus comandados, o técnico Bearzot tinha como principal característica extrair o máximo empenho de seus jogadores, formando grupos muito unidos.
Apontado como o idealizador do silenzio stampa que caracterizou a expedição italiana na Copa de 1982, seu modo de pensar pode ser sintetizado pela seguinte frase, de autoria do próprio Bearzot: "Il calcio pare esser diventato una scienza, anche se non sempre esatta. Tuttavia, per me, si tratta prima di tutto e sopratutto di un gioco" (algo como, em tradução livre: "O futebol parece ter-se tornado uma ciência, ainda que nem sempre exata. Mas, para mim, antes e acima de tudo, trata-se de um jogo").
Já a devoção dedicada por seus jogadores teve uma clara demonstração no último dia 23, data em que ocorreu o funeral de Bearzot e que registrou a presença de nada menos do que 13 dos seus comandados na Copa do Mundo de 1982 (lembrando que o líbero Scirea, um que indubitavelmente nutria grande declaração pelo allenatore, a ponto de declarar que de Bearzot absorveu "quella straordinaria umanità che è la base di ogni sucesso", já faleceu), todos muito emocionados e uníssonos em declarar a grandeza de Enzo.
Abaixo, um vídeo produzido pela RAI 3 com raras imagens de Bearzot como jogador, enquanto o link http://www.quattrotratti.com/2009/10/tecnicos-enzo-bearzot.html leva a um excelente texto de Braitner Moreira sobre as características do Vecio como treinador.
Abaixo, um vídeo produzido pela RAI 3 com raras imagens de Bearzot como jogador, enquanto o link http://www.quattrotratti.com/2009/10/tecnicos-enzo-bearzot.html leva a um excelente texto de Braitner Moreira sobre as características do Vecio como treinador.
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