Sobre Toninho Cerezo, ou melhor,
Toninho de Oro (foto ao lado -
Ni), o jornalista italiano Gianni de Felice escreveu com muita propriedade: "
Mai una polemica, mai una zuffa: rispetto per tutti, con una punta di intelligente ironia per ognuno. Toninho Cerezo è entrato così nel cuore dei tifosi sampdoriani, senza esser mai uscito da quello dei tifosi romanisti".
Contratado pela Roma por insistência de seu então presidente, o folclórico Dino Viola, em 1983, com a difícil missão de substituir o austríaco Herbert Prohaska no time campeão italiano da temporada anterior, Cerezo (foto ao lado -
Zucchi) logo conquistou um posto ao sol com seu futebol alegre e refinado, dividindo o
centrocampo con l'ottavo Re di Roma - o inesquecível Falcão -, tendo a equipe
giallorossa partido como favorita para a conquista do
Scudetto da temporada 1983/1984 que, porém, terminou com a rival Juventus por 2 pontos de diferença.
De qualquer maneira, o brasileiro talentoso que já aos 7 anos trabalhava como palhaço em circos montados na periferia de Belo Horizonte esteve presente nos 30 jogos da equipe e ainda fez 6 gols - uma bela marca considerando que o artilheiro do time - Roberto Pruzzo - fez 8!
O time também chegou a final da Coppa dei Campioni que seria disputada em 30 de maio de 1984 na própria cidade de Roma, mas terminou perdendo o título para o Liverpool da Inglaterra na cobrança de pênaltis.
Como consolação, o brasileiro che faceva della fantasia e dell'improvvisazione i suoi cavalli di battaglia conquistou a Copa da Itália em junho (a 1ª de suas 4 conquistas particulares neste torneio).
Na temporada seguinte, que foi a da despedida de Falcão, a Roma terminou a Serie A apenas na 7ª colocação, mas voltou a ser 2ª na stagione 1985/1986 (novamente atrás da Juve), com Pruzzo sendo o artilheiro do campeonato (19 gols) e Cerezo jogando ao lado de Boniek, Ancelotti, Conti, Tancredi, Nela e Giannini, dentre outros.
Depois de 3 temporadas na capital italiana, Cerezo iria defender a Sampdoria a partir do campeonato subseqüente, mas antes disputou sua 2ª final de Copa Itália contra, exatamente, o time de Gênova. No jogo de ida, vitória dos blucerchiati por 2 x 1, enquanto no retorno em Roma os giallorossi venciam por 1 x 0 quando, aos 78', o atacante Graziani foi expulso e a pressão dos visitantes pelo gol que seria o empate aumentou ainda mais. Em uma tentativa arriscada, o técnico sueco Sven Goran Eriksson, faltando apenas 5' para o término da partida, sacou o atacante Tovalieri e colocou Cerezo em seu lugar. Porém, bastano due minuti e Toninho Cerezo mette alle spalle del portiere blucerchiato Bordon, lo stadio esplode ed è tutto per lui - Roma 2 x 0 e os capitolini conquistam seu 9º título da competição!
Na temporada 1986/1987 Cerezo participou de 28 partidas e fez 3 gols com a camisa da Sampdoria, que chegou em 6º lugar na Serie A (a Roma ficou em 7º), perdendo a vaga para a Copa U.E.F.A. ao ser derrotada no
spareggio disputado contra o Milan.
De qualquer maneira, sob o comando do técnico iugoslavo Vujadin Boskov, a base da melhor Samp de todos os tempos já estava montada - nesta equipe estavam, além de Cerezo: Mannini, Vierchowod, Pari, Salsano, Mancini e Vialli, bem como Briegel, Fusi, Gambaro e Ganz.
Em 1987/1988 o goleiro Pagliuca viria para integrar o grupo e a Sampdoria conquistaria a Copa Itália, terminando em 4º lugar na Serie A.
Já na temporada 1988/1989 (da Internazionale destruidora de recordes) a Samp terminou o campeonato em 5º lugar, conquistou mais uma Copa Itália - derrotando o Napoli de Maradona por 4 x 0 na final (com 1 gol de Cerezo) - e perdeu a finalíssima da
Coppa delle Coppe para o Barcelona do zagueiro brasileiro Aloisio e do goleador inglês Lineker, treinados pelo holandês Cruijff.
Na
stagione seguinte Cerezo conquistou, enfim, sua tão sonhada copa européia com o êxito da Samp sobre os belgas do Anderlecht na final da
Coppa delle Coppe, enquanto o meia Katanec e o ala Lombardo fizeram suas estréias no time que seria campeão italiano na temporada 1990/1991 (na foto abaixo, Cerezo contra o Parma durante a temporada em questão -
Calderoni).
Se Cerezo sofreu com várias contusões durante a campanha que resultou no Scudetto da Samp, ainda assim deixou uma contribuição importante (foram 12 jogos e 3 tentos) para, juntamente com i gemelli del gol - Mancini e Vialli -, realizar il sogno di papà Mantovani - como era conhecido o presidente da grande Sampdoria.
Por fim, portando o scudetto no peito (foto acima à esquerda, em jogo disputado contra a Fiorentina em Florença - Sabe), Cerezo disputou sua última temporada na Itália (1991/1992), realizando 1 gol em 27 partidas ao lado do também brasileiro Silas.
Quis o destino que, como em sua 1ª temporada, Cerezo fosse, em sua última stagione italiana, derrotado na final de mais uma Coppa dei Campioni, agora já rebatizada de Champions League, desta vez disputada em Londres contra o Barcelona de Koeman, Stoichkov, Laudrup, Zubizarreta e Guardiola (sempre treinados pelo holandês Cruijff), graças a um gol do zagueiro holandês na prorrogação.
Assim, o meia de estilo clássico e de muita vitalidade, apelidado de Pluto em razão de suas passadas largas e jeito desengonçado, voltou ao Brasil com vários títulos na bagagem e um total de 215 partidas e 27 gols pela Serie A.