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sexta-feira, abril 09, 2010

A Itália Nos Mundiais - 1970


Sem conseguir ultrapassar a primeira fase desde os mundiais pré-guerra, a Itália chegou a nona edição da Copa do Mundo, disputada no México de 31 de maio a 21 de junho de 1970, credenciada pelo título da Eurocopa de 1968 e pela boa campanha nas Eliminatórias, quando superou País de Gales e Alemanha Oriental somando 3 vitórias e 1 empate contra esta última em Berlim por 2 x 2, com uma doppietta de Riva, autor de outros 5 gols no torneio eliminatório.
Se a Itália não encontrou dificuldades para se classificar, outros selecionados importantes como Espanha, Hungria, Iugoslávia e Argentina, que perdeu a vaga para o Peru e ainda ficou atrás da Bolívia em seu grupo, não conseguiram integrar o seleto grupo de 16 seleções que, divididas em 4 grupos, participaram daquele que foi o primeiro mundial televisionado em cores.
A competição também marcou, pela primeira vez, a utilização dos cartões amarelos e vermelhos e a possibilidade de serem realizadas substituições, o que aliviou um pouco o desgaste dos jogadores, obrigados a jogar ao meio-dia sob o forte calor mexicano para encaixe nas programações das televisões européias.
Compondo o Grupo 2, a Azzurra fez sua estréia contra a Suécia no dia 03 de junho.
Sob o comando de Ferruccio Valcareggi, a Itália se apresentou com uma defesa bastante sólida, com destaque para os experientes Burgnich e Facchetti, além do goleiro Albertosi - todos remanescentes da Copa de 1966, tendo ainda os nerazzurri Bertini e Mazzola ao lado do viola De Sisti no meio de campo e Boninsegna entre Domenghini e Riva no ataque.
Mas, jogando na altitude de Toluca e já diante dos habituais problemas de relacionamento (o Golden Boy Rivera, por exemplo, quase foi cortado da delegação por problemas disciplinares dias antes da competição começar, ficando excluso, todavia, das primeiras partidas do selecionado italiano), a Itália precisou de uma ajudazinha do goleiro Hellström, que falhou em chute a distância de Domenghini, para vencer por 1 x 0 (na foto do alto, uma conclusão de Boninsegna - Guerin Sportivo).
No dia 06, em Puebla, a Itália voltou a campo para enfrentar os então campeões sul-americanos do Uruguai, ficando em um diplomático 0 x 0 contra o time de Mazurkiewicz.
Atuando sob um esquema que privilegiava una difesa attentissima e velozes contra-ataques, a Azzurra encontrou sérias dificuldades contra o estreante Israel (ao lado, um defensor israelense se opõe ao tiro de Riva - Storie di Calcio), voltando a empatar em 0 x 0 na partida que marcou a estréia de Rivera no Mundial.
Porém, apesar do único gol marcado, a Itália terminou o Gruppo na primeira colocação, sendo seguido pelo Uruguai, que eliminou a Suécia apenas no saldo de gols.
De qualquer maneira, apesar dos confrontos pouco empolgantes, Itália e Uruguai seriam semi-finalistas da Copa!
Nas 4ªs de final, coube ao selecionado italiano enfrentar os donos da casa e, mesmo diante de um Bombonera lotado, o bom futebol da Itália finalmente deu as caras e afugentou o fantasma de uma eventual repetição da La Battaglia di Santiago (vide, para maiores informações, http://calcioseriea.blogspot.com/2010/03/italia-nos-mundiais-1962.html).
Crucial, depois de que o meia do UNAM González violou a meta defendida por Albertosi aos 13' do 1º tempo, foi a ousada alteração promovida pelo ct Valcareggi, que sacou Mazzola e inseriu o rossonero (em um time quase todo formado por nerazzurri - 5 - e jogadores do Cagliari - 4) Rivera no intervalo.
Com a partida empatada em 1 x 1 (Peña marcou contra em chute de Domenghini, l'eterno Angelo custode di Valcareggi), no 2º tempo a Itália deslanchou e com uma doppietta de Riva e una rete dello stesso Rivera despachou o México, cujos torcedores reconheceram a superioridade italiana ao final do jogo, mas passaram, então, a fazer un puntuale tifo contrario.
Veio então o confronto que ficou conhecido como Partido del Siglo (literalmente Partida do Século), como denota a placa afixada no Estadio Azteca em celebração ao duelo entre Itália e Alemanha Ocidental válido pelas semi-finais da Copa de 1970 disputado em 17 de junho.
Contra os vários Maier, Vögts, Schnellinger, Beckenbauer, Overath, Seeler e Müller, Valcareggi deixou novamente Rivera na reserva e mandou a campo Mazzola como titular, promovendo a já habitual troca entre os dois no intervalo.
Só que desta vez o resultado foi o oposto do obtido contra o México, pois Mazzola vinha sendo o melhor em campo e, sem ele, a Itália, que havia deixado o campo em direção ao vestiário ao final do 1º tempo vencendo por 1 x 0 (gol de Bonimba aos 8'), não resistiu a intensa pressão germânica do 2º tempo, embora só tenha sucumbido aos 92' diante do ... milanista Schnellinger.
Na prorrogação que entrou para a história, o artilheiro Müller pois os alemães em vantagem aos 4', mas o lateral Burgnich, em uma de suas poucas incursões ofensivas, empatou aos 8' (acima, à direita, a conclusão do terzino interista - Guerin Sportivo), com Riva colocando a Itália na frente aos 14' e Müller novamente empatando aos 20', cabendo a Rivera, que havia falhado no gol anterior de Müller, dar números finais à incrível partida aos 21' (na foto acima, à esquerda, o último gol do cotejo, com os reconhecidos Riva e Vögts mais à esquerda - Guerin Sportivo).
O mesmo palco presenciaria outra grande partida 4 dias depois (ao lado, os selecionados italiano e brasileiro perfilados antes da bola rolar - Guerin Sportivo), mas a aguerrida Itália, desta vez, não seria párea para o grande Brasil de Pelé & Cia., que conquistou pela terceira vez uma edição da Copa do Mundo e, assim, ficou com a posse definitiva (até que a mesma viesse a ser roubada!) da Taça Jules Rimet ao vencer a Azzurra por 4 x 1.
Apesar da partida ter transcorrido até meados do 2º tempo empatada em 1 x 1 (Pelé e Boninsegna marcaram no 1º tempo), a verdade é que o Brasil era nitidamente superior tecnicamente à Itália, que acabou pagando o demasiado esforço físico levado a cabo contra a Alemanha Ocidental dias antes e, sem músculos, foi facilmente destroçada pelos brasileiros nos minutos finais, com Gérson, Jairzinho e Carlos Alberto marcando para o time orquestrado por um grande Tostão (abaixo, o Mineirinho de Ouro no meio da defesa italiana - Guerin Sportivo).
A derrota italiana poderia ser inevitável, mas Valcareggi ainda cometeu um grande equívoco mantendo Rivera por quase toda a partida no banco, só mandando o Golden Boy a campo (no lugar de Boninsegna) faltando 6' para o final do jogo, tempo obviamente insuficiente para qualquer ação e que acabou dando ao atual parlamentar italiano uma etiqueta de vítima che moltò giovò sua immagine.
A seguir, interessante vídeo contendo, não só os gols da finalíssima, mas entrevistas com Facchetti e Rivelino.

Na Última Vez ...

5 Comments:

At 9:05 AM, Blogger Michel Costa said...

Olá Rodolfo,

Tenho essa grande decisão de 70 gravada em dvd e já a assisti algumas vezes.
A impressão que eu tenho é
que realmente faltou fôlego à Azzurra na segunda etapa, algo explicável pela semifinal duríssima diante da Alemanha. Isso, combinado com a força daquele Brasil foi suficiente para a construção da goleada.
Sobre o Rivera, queria aproveitar a oportunidade para te perguntar algo. Me lembro de quando eu o deixei fora de minha (pretenciosa) lista dos 100 melhores de todos os tempos e você disse que se tratava do maior jogador italiano de todos os tempos. Ainda mantém a opinião de que Rivera foi tudo isso?

Abraço

 
At 11:48 AM, Blogger Rodolfo Moura said...

Michel,
Pois é, acho que a Itália sofreu do mesmo veneno que a Alemanha Ocidental, que vinha de um desgastante jogo contra a Inglaterra, na semi-final.
Quanto ao Rivera, acho sim que, senão foi o melhor, ao menos não deixava nada a desejar aos vários Baggio, Totti e Meazza.
Abraços,

 
At 7:56 PM, Blogger João Caniço said...

Rodolfo, parabéns pela síntese do Mundial'70 'azzurro', ficou óptima como sempre.
Já tinha ouvido falar assim por alto desse dualismo entre Mazzola e Rivera, algo semelhante com Del Piero e Totti nos últimos anos não?
Não sou um 'expert' como o Michel na final da edição deste mundial, apenas vi algumas imagens do desafio entre as quais um resumo alargado onde fiquei com a ideia que a superioridade daquele fantástico Brasil era inevitável.
Abraços

 
At 8:25 PM, Blogger Michel Costa said...

Ah, perdoem a palavra "pretenCiosa". Na pressa, troquei o S pelo C.
Abraços.

 
At 5:33 AM, Blogger Rodolfo Moura said...

JP,
Muitíssimo obrigado! Pois é, acredito até que o dualismo de Mazzola e Rivera fosse além do de Del Piero com Totti, especialmente por envolver protagonistas das duas equipes de Milão, o que colocava um tempero a mais na relação.
Quanto a final da Copa do Mundo de 1970, tecnicamente o Brasil me parecia bem superior mesmo, mas o resultado só se tornou elástico quando faltaram penas aos 'azzurri'.
Abraços,

 

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