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sexta-feira, março 26, 2010

A Itália Nos Mundiais - 1962


Depois de não se classificar para a Copa do Mundo de 1958, disputada na Suécia, a Itália não teve maiores dificuldades para garantir seu posto no Mundial seguinte, vencendo por duas vezes Israel (em Turim a goleada foi de 6 x 0), em um emparelhamento que de complicado só teve o sistema de disputa, vez que os israelenses, antes de enfrentar os italianos (beneficiados pela desistência da Romênia), tiveram que superar os selecionados de Chipre e Etiópia.
Realizada em 1962, a settima edizione do Campeonato Mundial de Futbal foi disputada no Chile sob alguma perplexidade, não só pela pouca tradição do país andino no futebol, mas também pela precária estrutura assim enxergada pelo jornalista Corrado Pizzinelli, então correspondente do periódico La Nazione: "Denutrizione, prostituzione, analfabetismo, alcoolismo, miseria. Sotto questi aspetti il Cile è terribile e Santiago dolorosamente viva, e tanto viva da perdere persino le sua caratteristiche di città anonima. Interi quartieri della città praticano la prostituzione all'aria aperta... Il Cile, sul piano del sottosviluppo, deve essere meso alla pari di tanti paesi dell'Africa e dell'Asia: ma mentre gli abitanti di quei continenti sono dei non progrediti, questi sono dei regrediti".
Tendo tomado conhecimento dessa e de outras pesadas críticas (Antonio Ghirelli, correspondente do Corriere de Sera, por exemplo, comparou o desafio chileno de organizar a Copa do Mundo com a determinação de Mussolini de bombardear Londres!), o povo chileno iniciou uma martellante campagna anti-italiana, que teve seu auge no crucial jogo que ficou conhecido como La Battaglia di Santiago.
Antes, porém, a Itália comandada pela confusa dupla Paolo Mazza e Giovanni Ferrari enfrentou a Alemanha Ocidental na estréia de ambas pelo Grupo 2.
Diante da adversária considerada teoricamente mais difícil, a Itália entrou em campo (ao lado - Guerin Sportivo) com um trio ofensivo formado por Sivori, Altafini e Menichelli, tendo ainda o jovem Rivera (então com apenas 18 anos, na foto mais acima em ação - Panini) como fantasista e Cesare Maldini no comando da defesa, bem como o portiere Lorenzo Buffon sob a meta.
Apesar da formação nitidamente ofensiva, a Itália, assim como sua adversária, pareceu se contentar com o empate o resultado final foi um squallido 0 x 0.
O jogo seguinte dos italianos, 2 dias após o encontro contra os alemães, seria contra os donos da casa, que, não obstante uma técnica apenas modesta, jogavam com grande agonismo sob o comando técnico de Fernando Riera (que posteriormente viria a treinar, dentre outros clubes, os 3 grandes de Portugal).
Adepto da doppia squadra, a comissão técnica italiana mandou a campo contra o Chile um time bastante diverso (abaixo a formação que começou jogando - Guerin Sportivo) daquele que iniciara contra a Alemanha, trocando 6 dos 11 jogadores, inclusive os defensores Maldini e Radice, o meia Rivera e o atacante Sivori, que, dizem alguns, se recusou a entrar em campo diante da grande tensão instalada em Santiago.
Porém, a verdade é que o grupo italiano não vinha se entendendo com a comissão técnica comandada por Mazza e estava rachado, o que veio a comprometer a atuação italiana em um Estadio Nacional lotado por 66.000 expectadores.
Pior! Com menos experiência internacional (os defensores Janich e Tumburus, por exemplo, faziam sua estréia com o selecionado italiano!), a equipe que enfrentou o Chile se mostrou tecnicamente mais limitada e emocionalmente pouco preparada, protagonizando uma partida que ficou tristemente lembrada como La Battaglia di Santiago.
Aliás, os italianos logo caíram nas provocações dos chilenos e já aos 7' ficaram com um homem a menos após a expulsão de Ferrini devido a uma agressão a Landa, com o meia do Torino só saindo de campo após a intervenção dos carabineros (acima, a confusão que se instalou após o lance - Guerin Sportivo).
Com uma atuação desastrosa do árbitro inglês Kenneth Aston, o campo de jogo se transformou em um verdadeiro ringue de luta (ao final do post, o vídeo, em inglês, bem relata os acontecimentos), com direito a um gancho de esquerda de Lionel Sanchez (filho de um antigo campeão chileno de boxe!) em David, posteriormente expulso por um revide no melhor estilo kung-fu.
O chileno Sanchez, por sua vez, mais uma vez contou com a complacência do árbitro Aston para atingir em cheio o nariz do meia azzurro Maschio sem ser penalizado.
Dessa forma, atuando todo o 2º tempo com apenas 9 homens, a Itália acabou sucumbindo ao Chile, que fez 2 gols nos minutos finais e selou o destino italiano na competição.
Isso porque, diante da vitória da Alemanha Ocidental sobre o Chile por 2 x 0 no dia 06 de junho, a Itália foi enfrentar a Suíça no dia seguinte já sem chances de classificação.
Nova revolução na formação, desta vez com direito as estréias do atacante ítalo-brasileiro Sormani (ao lado em duelo com Schneiter - Storie di Calcio) e do meia Bulgarelli (dos 22 italianos que foram ao Chile, apenas o goleiro Albertosi e o meia Trapattoni não entraram em campo!), mas vitória tranquila dos azzurri, que não tiveram dificuldades para fazer 3 x 0 na lanterninha do grupo, com direito a uma doppietta do esordiente Bulgarelli, em seqüência ao gol relâmpago marcado por Mora nos minutos iniciais da partida.
Não obstante as recriminações contra a arbitragem de Aston, o certo é que a Itália mais uma vez deixava uma Copa do Mundo pelas portas do fundo, não conseguindo reviver os tempos áureos da década de 1930.

Na Última Vez ...

5 Comments:

At 1:14 AM, Anonymous Prisma said...

Boa descrição da campanha italiana, Rodolfo. Hoje essas brigas suspenderiam um time inteiro talvez. Mas o melhor esta por vir, na Copa de 1966, aí sim.

 
At 9:54 AM, Blogger Rodolfo Moura said...

Xará,
Muitíssimo obrigado! Com certeza, só de assistir a alguns trechos de Chile x Itália é possível concluir que foi uma das partidas mais conturbadas de todos os tempos.
Quanto a Copa de 1966, realmente, acho que vai fechar o pior período da 'Azzurra' em Copas do Mundo, vez que desde 1950 o selecionado italiano vinha colecionando decepções.
Abraços,

 
At 10:52 AM, Blogger Michel Costa said...

Nos últimos meses tenho visto muitas imagens de Copa do Mundo e o que mais me chamou a atenção foi a violência do futebol do passado. Em alguns momentos, parecia várzea! Brasil x Holanda em 74 e contra a Argentina em 78 foram duas batalhas. O tal futebol arte passou longe, longe.

Abraços.

 
At 1:09 AM, Anonymous Prisma said...

Michel, realmente Brasil x Holanda em 1974 foi porrada, principalmente o Luis Pereira e o Marinho acertando os jogadores holandeses. Violencia sempre teve, mas as jogadas eram mais trabalhadas.

 
At 11:51 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Prezados,
É realmente muito interessante assistir a esses jogos do passado, pois são notáveis as diferenças do esporte bretão praticado antigamente e hoje em dia.
Aliás, assistindo a TV Globo hoje, vi um inusitadíssimo lance ocorrido na Copa de 74 na partida entre Brasil e Zaire, com o zagueiro africano 'batendo' uma falta que era para os brasileiros!
Abraços,

 

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