A Itália Nos Mundiais - 1954
Depois da desastrosa campanha na Copa do Mundo de 1950 (vide link 'Na Última Vez ...' ao final do post), a Itália teve mais uma participação medíocre no torneio seguinte, disputado em 1954 na Suíça, marcando o retorno da competição ao continente europeu depois da Segunda Guerra Mundial e a estréia da cobertura televisiva.
A escolha do país helvético como sede se deu não só pela sua neutralidade durante o conflito bélico terminado na década anterior, mas também pelo fato de comemorar os 50 anos da F.I.F.A. em casa, vez que a Fédération Internationale de Football Association tinha sua sede, desde 1932, estabelecida em Zurique.
Apesar de 45 seleções terem se inscrito para a disputa das Eliminatórias, a F.I.F.A. rejeitou algumas pretendentes e outras, como Polônia e Peru, acabaram desistindo de participar, resultando em 34 pretendentes para 14 vagas, vez que Suíça, enquanto país sede, e o Uruguai, último campeão, ingressaram automaticamente.
À Itália coube enfrentar o Egito, única nação africana que se candidatou a disputar um posto no Mundial, mas que não foi párea aos italianos, que, mesmo sem apresentar um futebol exaltante, passaram fácil pelos Faraós.
Curiosa a classificação da Turquia, que após um empate no spareggio contra a favorita Espanha disputado em Roma, garantiu sua presença na kermesse svizzera graças a um sorteio que teve como protagonista um garotinho italiano de 14 anos!
Apesar da fácil classificação, a Itália viajou ao Mundial novamente com uma preparação deficiente, desta vez comandada pelo húngaro Lajos Czeizler, vitorioso treinador com passagem pelo Milan e outras equipes italianas, mas que chegou à Suíça sem conseguir sequer definir o módulo em que a Azzurra jogaria.
Curiosa a classificação da Turquia, que após um empate no spareggio contra a favorita Espanha disputado em Roma, garantiu sua presença na kermesse svizzera graças a um sorteio que teve como protagonista um garotinho italiano de 14 anos!
Apesar da fácil classificação, a Itália viajou ao Mundial novamente com uma preparação deficiente, desta vez comandada pelo húngaro Lajos Czeizler, vitorioso treinador com passagem pelo Milan e outras equipes italianas, mas que chegou à Suíça sem conseguir sequer definir o módulo em que a Azzurra jogaria.
Ademais, disputada com uma fórmula no mínimo inusitada (os 16 países foram inicialmente divididos em 4 grupos, mas cada grupo teve 2 cabeças de chave que não se enfrentaram, assim como os outros 2 selecionados de cada grupo não jogaram entre si, ou seja, cada equipe fez apenas 2 jogos pelos ottavi di finale), a Itália ainda teve pouca sorte quando da definição dos grupos da competição, caindo no mesmo emparelhamento de Inglaterra, da casalinga Suíça e da Bélgica.
Evitado o confronto contra a outra testa di serie Inglaterra, a Itália fez sua estréia no Mundial contra a mandante Suíça em 17 de junho no Stade Olympique de la Pontaise, em Losanna.
Evitado o confronto contra a outra testa di serie Inglaterra, a Itália fez sua estréia no Mundial contra a mandante Suíça em 17 de junho no Stade Olympique de la Pontaise, em Losanna.
Pouco preocupado com questões táticas, Czeizler, um imediatista convicto, optou por lançar o selecionado italiano baseado na Inter (que emprestou todo o sistema defensivo à Azzurra e mais o meia Nesti e o atacante Lorenzi), mas impôs uma marcação diversa daquela praticada pelo nerazzurro Foni, baseada no sistema.
Para completar, a arbitragem do brasileiro Mário Vianna foi desastrosa e acabou prejudicando os italianos ao anular um gol legítimo de Lorenzi (na foto mais abaixo em ação - Storie di Calcio) quando a partida estava empatada em 1 x 1, gols de Ballaman e Boniperti (na foto mais acima o momento do empate italiano - Guerin Sportivo) que, dizem, foi para o vestiário carregado pelo massagista italiano após levar um direito no queixo aplicado pelo próprio Vianna, um baixinho robusto egresso dos quadros da polícia política de Vargas.
No final, apesar da melhor exibição dos italianos, vitória suíça por 2 x 1 com direito a mais um lance controverso de Vianna, assim explicado pelo atacante Lorenzi: "a una decina di minuti della fine, sempre sull'uno a uno, il più pericoloso degli elvetici, il centravanti Hügi, scappò in contropiede, prese per la maglia Tognon spostandolo, Vianna fischiò da metà campo, ma Hügi segnò lo stesso, e l'incredibile arbitro convalidò il gol" (em uma tradução livre, algo como "faltando dez minutos para o final, sempre com o placar em um a um, o mais perigoso dos suíços, o centroavante Hügi, partiu em contra-ataque, segurando Tognon pela camisa, deslocando-o, Vianna apitou do meio de campo, mas o próprio Hügi continuou, e o inacreditável árbitro confirmou o gol")!
Mas, como a Inglaterra fizera seu papel vencendo os anfitriões por 2 x 0, a Itália entrou em campo contra a Bélgica no dia 20 ainda com chances de classificação e, com uma formação bem diversa em relação ao jogo anterior (Boniperti, por exemplo, não jogou), a Azzurra não encontrou dificuldades para vencer por 4 x 1, com gols de Pandolfini (em ação na foto do alto, à esquerda - Guerin Sportivo), Galli, Frignani e Lorenzi, com Anoul descontando apenas no final.
Com o resultado, Itália e Suíça foram disputir uma bella (desempate) no dia 23 na Basileia para decidir a segunda colocação do grupo, com Czeizler promovendo uma verdadeira revolução na formação italiana, mas pecando ao manter o mediano Tognon, responsável pela marcação do astro suíço Hügi, bem como o stanco Lorenzi, para quem pediu para não "tradire la Patria".
Com o resultado, Itália e Suíça foram disputir uma bella (desempate) no dia 23 na Basileia para decidir a segunda colocação do grupo, com Czeizler promovendo uma verdadeira revolução na formação italiana, mas pecando ao manter o mediano Tognon, responsável pela marcação do astro suíço Hügi, bem como o stanco Lorenzi, para quem pediu para não "tradire la Patria".
Resultado, a Itália foi atropelada nos minutos finais por uma Svizzera em melhor forma e mais bem disposta taticamente, sucumbindo por 4 x 1, com Hügi realizando uma doppietta e mandando os italianos de volta para casa.
A seguir, um interessante vídeo com imperdíveis imagens da ocasião:
A seguir, um interessante vídeo com imperdíveis imagens da ocasião:
8 Comments:
Rodolfo,
Agiliza aí e chega logo na década de 70...Quero ler as informações inéditas sobre a final do time dos sonhos de 70 contra a Itália freguesa...
O que os mafiosos disseram nos seus jornais após tomar aquela cacetada na final?
Abraço
MP
Rodolfo, muito bom o resumo, bem complementado pelo excelente vídeo.
De facto, as prestações italianas nos Mundiais na década de 50 deixou bastante a desejar.
Abraços
Marco,
Muito obrigado pela prestigiosa visita! Pode deixar que em breve chegaremos a Copa do Mundo de 1970, cuja final, aliás, assisti recentemente no SporTV.
Abraços,
JP,
Muitíssimo obrigado! Realmente, a 'Azzurra' decepcionou nas Copas pós-guerra.
Abraços,
Cara, que show...
Putz, será q a Itália sentiu os reflexos do pós-guerra no futebol?
Fabriani,
Muitíssimo obrigado pela visita e participação!
Abraços,
Prisma,
Pois é, a Itália não conseguiu realizar boas campanhas nas Copas do Mundo realizadas logo após a Segunda Guerra Mundial, certamente em muito decorrente do que acontecido.
Abraços,
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