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quarta-feira, março 31, 2010

A Itália Nos Mundiais - 1966


A Copa do Mundo de 1966 entrou para a história como a consagração dos inventores do futebol moderno, mas também como la pagina più nera del calcio italiano, sendo o ápice de uma seqüência desastrosa da Azzurra em mundiais no pós-guerra.
Nas eliminatórias, que registraram novo recorde de inscrições (74, embora apenas 51 países tenham efetivamente disputado-a), coube a Itália eliminar Escócia, Polônia e Finlândia no Group 8 da zona européia, com direito a goleadas de 6 x 1 sobre finlandeses e poloneses.
Treinada por Edmondo Fabbri, técnico que havia levado o piccolo Mantova da Serie D à Serie A em apenas 4 anos, a Itália ainda somou resultados contundentes na preparação para a Copa do Mundo, vencendo Argentina (3 x 0), Bulgária (6 x 1) e México (5 x 0).
Porém, nem tudo foi róseo na preparação italiana, vez que o provinciano Fabbri tinha uma clara predileção por jogadores do Bologna em detrimento dos da Grande Inter, deixando de fora do grupo azzurro figuras importantes como Mariolino Corso e Armando Picchi, além da revelação Gigi Riva do Cagliari, que chegou a viajar com o selecionado, mas não entrou na lista oficial.
Assim, a Azzurra chegou à Inglaterra dividida, com um grupo liderado pelos nerazzurri Burgnich, Facchetti, Guarnieri, Landini e Mazzola e outro pelos rossoblù Bulgarelli, Fogli, Janich, Pascutti e Perani.
Mas, não obstante uma controvertida distribuição tática, com o fuoriclasse Mazzola postado como centroavante, a Itália estreou no mundial inglês vencendo o Chile no dia 13 de junho em Sunderland, no Roker Park.
A partida, considerada uma verdadeira revanche pelos italianos (vide o especial sobre a Copa do Mundo anterior, acessando o link 'Na Última Vez ...' ao final do post), terminou com a vitória azzurra por 2 x 0, gols de Mazzola (acima partindo para sua celebração - Guerin Sportivo) e Barison, mas não foi fruto de uma grande atuação.
Preocupado com o parco futebol apresentado, Fabbri revolucionou a equipe para o confronto seguinte, contra a União Soviética, sacando Lodetti, Perani, Rivera e Barison para inserir Leoncini, Meroni, Lodetti e Pascutti.
Com o empate ocorrido no dia anterior entre Chile e Coréia do Norte, o destino do grupo parecia definido, ainda mais que o confronto entre italianos e soviéticos caminhava para um empate até que o atacante Cislenko caminhou com a bola pela ala direita, tabelou com Malafeev e acertou um belíssimo chute no ângulo de Albertosi (acima, à esquerda, em ação - Storie di Calcio) depois de enganar Facchetti, fazendo 1 x 0 para a Unione Sovietica.
Se o ambiente no grupo italiano já não era bom, após a derrota para os soviéticos ficou insustentável, reinando o caos absoluto diante de um Fabbri cada vez menos convicto de suas predileções.
De qualquer maneira, bastava aos italianos um mísero empate contra a inexpressiva seleção da Coréia do Norte, formada só por jogadores amadores e definida pelo vice ct Valcareggi como um bando de Ridolini - como era conhecido o principal personagem do ator Larry Semon (um tipo alla Charlie Chaplin), para passar a próxima fase.
Mas uma série de equívocos acabou por propiciar uma das maiores zebras da história das Copas do Mundo!
Para começar, demonstrando grande incoerência, Fabbri poupou diversos jogadores, mandando a campo 4 atletas que ainda não haviam participado de qualquer jogo na Copa, mas insistiu com seu pupilo Bulgarelli, evidentemente fora de condições por causa de uma entrada sofrida ainda na partida inaugural contra o Chile.
Resultado? Como ainda não eram permitidas substituições, a partir dos 30' do 1º tempo a Itália passou a jogar com um homem a menos, vez que o joelho de Bulgarelli não resistiu.
Ainda assim, a Itália dominou as iniciativas, mas o time continuou demonstrando o já crônico problema na hora de finalizar e, aos 41', o até então desconhecido professor Pak Doo Ik aproveitou de um cochilo de Facchetti para disparar un rasoterra que entrou no canto de Albertosi (na foto do alto, à direita, o momento do tiro do coreano - Guerin Sportivo), protagonizando o maior tonfo do futebol italiano (ao lado, o capitano Bulgarelli consola seu companheiro de Bologna Fogli - Storie di Calcio).
Demitido, Fabbri passou cerca de 3 meses fechado em seu bunker em Castel Bolognese evitando torcedores e jornalistas, enquanto a federação italiana, na tentativa de mudar o rumo do futebol peninsular, resolveu vedar a contratação de novos estrangeiros no Calcio, proibição essa que viria a vigorar até o início da década de 1980, quando as fronteiras foram reabertas.
Abaixo, vídeo com momentos da derrota italiana frente a Coréia do Norte e relatos de diversos protagonistas, inclusive do grande Bulgarelli.

Na Última Vez ...

4 Comments:

At 6:47 PM, Anonymous Fabriani Melazzo said...

A Azzurra passa por cada uma...rs

 
At 8:06 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Fabriani,
Pois é, mas com essa Copa eu terminei (ufa!) a fase negra da Itália em mundiais, já que, a partir da de 1970, a 'Azzurra' colherá resultados mais gloriosos.
Abraços,

 
At 1:16 PM, Anonymous Prisma said...

Uma zebraça, perdendo pra jogadores amadores

 
At 8:18 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Xará,
Certamente uma das maiores zebras de todos os tempos em Copas do Mundo!
Abraços,

 

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