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sábado, maio 01, 2010

A Itália Nos Mundiais - 1978


A Copa do Mundo de 1978 foi a 11ª realizada pela F.I.F.A. e aconteceu na Argentina de 1º a 25 de junho daquele ano.
A edição, uma das mais controversas da história, foi a última que contou com a participação de apenas 16 seleções, que saíram do grupo de 97 países que disputaram as Eliminatórias, cabendo a Itália vencer o difícil Grupo 2 da Zona Européia, que ainda contou com Inglaterra, Finlândia e Luxemburgo.
Depois do fracasso no Mundial anterior (vide o link 'Na Última Vez ...'), Valcareggi foi destituído do cargo de commissario tecnico da Azzurra, cuja função passou a ser executada, desde 1977, pelo friulano Bearzot, que, dando prosseguimento ao trabalho iniciado por Bernardini, promoveu uma profunda renovação no grupo italiano.
Assim, sem os mostri sacri Mazzola e Rivera e o capitano Facchetti, a Itália chegou a Argentina com um grupo jovem e formado, principalmente, por jogadores das equipes de Turim (9 da Juventus e 6 do Torino), tendo, como de costume, boa parte da imprensa italiana contrária.
Pior, diante de uma preparação não de toda convincente, já na primeira fase os italianos teriam pela frente nada menos do que França, Hungria e a dona da casa Argentina.
Porém, no dia 27 de maio, alguns dias antes da estréia contra a temutissima França de Platini e Six, um jogo treino contra la squadretta del Deportivo Italiano levou Bearzot a promover algumas alterações no time-base, sacando o lateral Maldera e o atacante Graziani para inserir os jovens Cabrini e Rossi.
Assim, com o esordiente Bell'Antonio e com o também giovanissimo Pablito partindo como titulares (no alto a formação que começou contra a França - Guerin Sportivo), a Itália entrou em campo em Mar del Plata no dia 02 de junho com uma formação quase toda juventina (apenas o zagueiro Bellugi, o meia Antognoni e o próprio Paolo Rossi não jogavam na Juventus).
E, para complicar ainda mais as coisas, logo no primeiro minuto de jogo o velocíssimo Six deixou Gentile para trás, passou por Scirea e cruzou para o seu companheiro Lacombe abrir o marcador, ... fazendo o primeiro gol da Copa de 78!
Aí, aquela jovem Azzurra demonstrou grande caráter e, aos 29', em uma blitz italiana, Rossi marcou, meio sem querer, seu primeiro gol em Copas do Mundo, empatando a partida.
Para o 2º tempo, Bearzot trocou um pouco inspirado Antognoni por Zaccarelli (acima disturbato por Platini - Storie di Calcio), que acabou realizando o tento da virada italiana aos 54' (logo ele, um granata histórico, foi fundamental para o prosseguimento da caminhada da ItalJuve).
Contra a Hungria, no dia 06, Bearzot repetiu a mesma formação que começou contra a França e a Itália não teve qualquer dificuldade para despachar os magiari por 3 x 1, com Rossi, Bettega e Benetti marcando para os italianos, enquanto Toth, no final e cobrando um pênalti inexistente, descontou para os húngaros.
Com as vitórias de 2 x 1 da Argentina sobre França e Hungria, portenhos e italianos foram para o confronto direto, no dia 10 de junho, já classificados, em jogo apenas a primeira colocação do grupo e a conseqüente permanência em Buenos Aires, importantíssima, ao menos, para os argentinos (uma das muitas curiosidades deste torneio é que, por exemplo, enquanto o Brasil percorreu 4.659 quilômetros para disputar suas 7 partidas, a Argentina apenas 618).
Nesse ponto, cabe destacar que, apesar do futebol convincente até então apresentado, com Bettega, Cabrini e Rossi guindados al ruolo di stelle del mondiale, o clima na concentração italiana já não era dos melhores, com os jogadores da Juventus e do Torino encabeçando grupos distintos e sequer compartilhando da mesma mesa no Hindú Club, local que hospedava os treinos da Itália.
Aí, para o confronto contra os anfitriões, Bearzot parecia inclinado a utilizar vários reservas, mas, após uma espécie de levante do bloco bianconero, foram os titulares que acabaram entrando em campo, computando 8 juventini que ainda ganharam o reforço de Cuccureddu a partir dos 8' devido a contusão do bolognese Bellugi.
De qualquer maneira, apesar do esforço do aríete Kempes, foi a Itália que, mesmo precisando só do empate para terminar na primeira colocação, venceu a partida com um gol de Penna Bianca Bettega (mais acima, a conclusão do italiano que venceu Fillol - Guerin Sportivo) - foi a última vez que uma equipe posteriormente campeã foi derrotada antes da vitória final!
Mas, se a vitória sobre os argentinos premiou a Itália com a melhor campanha da primeira fase (no vídeo ao final do post, detalhes do encontro), acabou sendo o ápice da até então melhor equipe da competição, que entrou em curva decrescente a partir daí.
Na abertura da segunda fase, contra a Alemanha Ocidental de Maier, Vogts e Rummenigge, a Itália até construiu muitas oportunidades, mas não passou de um empate em 0 x 0 (no lance da foto acima - Guerin Sportivo, por exemplo, Bettega fez uma grande jogada individual e chegou a passar por Maier, mas Kaltz salvou em cima da linha).
No jogo seguinte, contra a surpreendente Áustria de Pezzey, Prohaska, Krankl e Schachner, Paolo Rossi (ao lado em ação - Storie di Calcio) foi decisivo e marcou o único gol da partida, ainda no 1º tempo.
Diante do melhor saldo de gols da Holanda, a Azzurra foi para o encontro do dia 21 de junho precisando vencer a Oranje para chegar a finalíssima.
Comandada por Neeskens, a Holanda não era a mesma de 4 anos antes, até porque Michels não era mais o seu treinador e seu principal astro Cruijff renunciara à Copa em protesto a situação da Argentina, sob sanguinária ditadura militar.
Com Cuccureddu na lateral direita, Gentile fazendo às vezes de stopper e Zaccarelli no posto de Antognoni, a Itália chegou a sair na frente graças a um gol contra de Brandts, mas vivenciando um evidente calo fisico na 2ª etapa e diante de uma arbitragem no mínimo condecendente com um violento Neeskens, sofreu o revés com o próprio Brandts (na foto acima a comemoração dos holandeses - Storie di Calcio) empatando e depois com Haan, sempre de média distância (o que resultou em severes críticas contra Zoff, chegando a alguns jornais estamparem que "L'Italia, con Fillol in porta, avrebbero stravinto il Mondiale"), decretando o 2 x 1 final para os neerlandeses.
Coube, então, à Itália disputar o 3º lugar com o Brasil, preterido pela Argentina na final diante de uma série de circunstâncias controversas - por exemplo, enquanto no Grupo A da segunda fase (o da Itália) todas as partidas foram disputadas no mesmo horário, de forma a que uma seleção não jogasse sabendo o resultado do outro jogo, no Grupo B a Argentina jogou suas 3 partidas em horário diferido, sempre após o outro jogo, cabendo lembrar ainda que, precisando golear o Peru, cujo goleiro, argentino de nascimento só havia levado 6 gols até então na Copa, a Argentina, cujo ataque havia realizado também apenas 6 gols nas 5 partidas anteriores, fez outros 6 só naquele encontro ...
De qualquer maneira, contra o Brasil de Coutinho, a Itália foi a campo com algumas novidades, como Patrizio Sala e Aldo Maldera no centrocampo (acima l'undici azzurro - Storie di Calcio) nos postos dos suspensos Benetti e Tardelli e novamente largou na frente, com o ala Causio marcando de cabeça aos 38'.
Porém, mais uma vez no 2º tempo a Azzurra acabou sucumbindo e perdeu o 3º lugar para o Brasil após os golaços (sempre de fora da área) de Nelinho e Dirceu (ao lado cercado por defensores italianos - Guerin Sportivo).
Apesar do tropeço na reta final, restava claro que a Itália tinha um grupo de jogadores talentosos e que, pela tenra idade, dariam o melhor de si efetivamente na próxima Copa!

Na Última Vez ...

8 Comments:

At 6:51 PM, Blogger João Caniço said...

De facto, foi uma pena que esta jovem 'azzurra' não tivesse levado de vencida uma Holanda mais frágil do que a de quatro anos antes...
Foi simplesmente vergonhosa a forma como a Argentina foi levada ao colo neste Mundial... Pior mesmo foi a FIFA ter concedido a organização da maior competição futebolística a um país governado por uma feroz e sangrenta ditadura militar...
Abraços

 
At 11:56 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

JP,
Pois é, estou, inclusive, lendo um livro escrito por um conceituado jornalista brasileiro que afirma que a 'Azzurra' de 1978 era melhor que a de 1982.
Quanto a vitória argentina, existem inclusive outras suposições, no mínimo, curiosas, desde a substituição das amostras de urina para os exames anti-doping até que traficantes da Colômbia teriam encomendado a vitória portenha...
Vá saber!
Abraços,

 
At 4:25 PM, Blogger Michel Costa said...

Era exatamente sobre a qualidade dessa Itália que eu ia escrever, Rodolfo.
Para o Mauro Beting, a Azzurra 78 era até mais poderosa (talvez por ser mais jovem) que a versão de 82.
Todavia, na decisão do 3º lugar, encontrou um Brasil bem diferente daquele que encontraria quatro anos mais tarde. Enquanto a Seleção de Coutinho era mais pesada e pragmática, a Seleção de Telê era leve e ofensiva.
E que gol marcou Nelinho!

Abraços.

 
At 9:56 AM, Anonymous Prisma said...

Essa Itália sim tinha q ter vencido essa copa, depois da boa campanha. E sobre o gol do Nelinho, o Zoff ta até agora procurando porque da Holanda ele tomou dois, inclusive um mais longe ainda.

 
At 3:20 PM, Blogger Fabriani Melazzo said...

Bom demais ver Bettega marcando gol na Argentina.
Destaco que essa copa foi conduzida para as mãos da Argentina.
Itália, Brasil e Holanda eram muito superiores.

 
At 10:10 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Prezados,
Muito obrigado pelas participações! Realmente, parece que a Argentina, com um time apenas razoável, só levou mesmo a Copa de 78 graças ao empenho dos organizadores, sem poder esquecer, é claro, a tradicional garra dos 'hermanos', que não pode ser subestimada.
Abraços,

 
At 8:44 PM, Anonymous Pai said...

Rodolfo
O que você achou da não convocação do Francesco Totti para a Copa da África do Sul?
Pai

 
At 11:04 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Pai,
Pois é, se eu fosse o 'c.t.' da Azzurra, levaria não só Totti, mas também o Cassano, pois ambos são daqueles jogadores capazes de decidir uma partida e não vejo no grupo italiano semelhante característica.
Abraços,

 

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