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quarta-feira, fevereiro 17, 2010

A Itália Nos Mundiais - 1934


Esta coluna, inédita no Calcio Serie A, objetiva apresentar as participações italianas nas Copas do Mundo até aqui realizadas, discorrendo, a cada semana, sobre a campanha da Azzurra em um mundial até que em junho, mais precisamente no dia 11, terá início a XIX World Cup!
Como a Itália, assim como a maioria das nações européias, não se inscreveu para participar da primeira edição da competição, realizada em 1930 no Uruguai, a estréia do selecionado italiano se deu apenas na Copa do Mundo de 1934, organizada exatamente na própria Itália do onipresente Mussolini, o que levou a imprensa da época a especular sobre a utilização de sósias do ditador.
Com a obrigação de vencer (Il Dulce pretendia tirar proveito da competição e chegou a escrever um bilhete endereçado aos jogadores italianos com os dizeres "vitória ou morte"), o técnico Vittorio Pozzo formou um grupo forte, com 9 jogadores da então tetracampeã italiana Juventus, bem como 5 oriundi, dentre os quais o brasileiro Guarisi (também conhecido como Filó) e os vice-campeões da edição anterior com a Argentina De Maria e Monti.
Com 16 participantes (pela primeira vez a competição teve fase eliminatória, cabendo a Itália, mesmo como anfitriã, eliminar a Grécia), a estréia italiana na fase final da Copa do Mundo de 1934 ocorreu no dia 27 de maio, com uma fácil vitória sobre os Estados Unidos por 7 x 1 em Roma diante de cerca de 25.000 presentes, com o atacante bolognese Schiavio realizando uma tripletta, acompanhado de Orsi (2), Ferrari e Meazza.
Jogando no famoso esquema WM (algo como um 2-3-2-3), a Itália, então, passou às 4ªs de final, onde enfrentou a poderosa Espanha do mítico goleiro Zamora.
No Stadio Comunale Giovanni Berta de Florença, no dia 31 de maio, Itália (na foto do alto, a formação inicial escolhida por Pozzo - Guerin Sportivo) e Espanha, naquela que foi considerada a melhor partida do torneio, ficaram no 1 x 1 após tempo regulamentar e prorrogação, provocando a repetição do duelo, vez que à época não estava previsto o critério de desempate por pênaltis (os jogadores também não traziam números nas camisas, bem como ainda não havia sido implementado o cartão amarelo).
Assim, no dia seguinte, Itália e Espanha entraram novamente em campo e, em uma partida muito menos agonística (o embate do dia anterior havia deixado marcas, inclusive exigindo a troca de diversos jogadores, dentre os quais o goleiro ibérico Zamora e os peninsulares Ferrari e Schiavio), os italianos levaram a melhor, com o grande Meazza realizando o gol único aos 11' sul quarto angolo battuto da Orsi.
Nas semi-finais, coube à Itália enfrentar o Wunderteam treinado por Meisl (grande rival de Pozzo na época) e dos atacantes Bican e Sindelar, conhecido como o Mozart dell pallone.
Porém, nem mesmo aquele que foi o melhor selecionado austríaco de todos os tempos foi páreo para a Itália que, diante de 35.000 espectadores no San Siro, foi magnífica em todos os setores e claramente superior ao adversário (na foto acima, à esquerda, o goleiro Platzer disputa a bola com Meazza, enquanto Schiavio aparece caindo - Guerin Sportivo), embora o resultado final tenha sido mínimo e contestado: 1 x 0, gol de Guaita, com os austríacos recriminando por uma suposta falta de Meazza no arqueiro Platzer no lance que originou o gol decisivo.
De qualquer maneira, conquistada a grande finalíssima, essa foi disputada diante de 50.000 spettatori (incluíndo Mussolini e Jules Rimet) em Roma contra a então Tchecoslováquia, com a Itália formando com Combi; Monzeglio e Allemandi; Ferraris, Monti e Bertolini; Guaita, Meazza, Schiavio, Ferrari e Orsi (a mesma formação que havia superado a Áustria alguns dias antes).
Partida equilibrada, os gols só saíram no 2º tempo, com a Cecoslovacchia dos vários Planicka, Svoboda e Nejedly (que foi o artilheiro da competição com 5 gols) saindo na frente aos 76', tento de Puc.
Porém, depois que Svoboda quase marcou novamente para os visitantes, a Itália conseguiu empatar com Orsi aos 81', levando a decisão para a prorrogação, quando Schiavio aproveitou uma assistência de Meazza para marcar o gol decisivo, levando o público presente ao delírio e o técnico Pozzo (o mais à esquerda, em pé, na foto do alto - Guerin Sportivo) a exclamar: "Como teria sido terrível perder, e como é belo o futebol quando se ganha"!

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12 Comments:

At 11:18 AM, Blogger Fabriani Melazzo said...

"Não há glória sem sacrifício".
Neste caso a vontade falou mais alto que o sacrifício...rs

 
At 11:33 AM, Blogger Rodolfo Moura said...

Fabriani,
Bem lembrado! (rs)
Abraços,

 
At 3:51 PM, Anonymous Prisma said...

Muito bom esse relato desse primeiro post, Rodolfo. Mas ninguém fala muito das artimanhas do Mussolini para ganhar esse mundial pra Itália. Só gostam de repetir e repetir que a copa de 1978 foi roubada pra Argentina.

 
At 4:11 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Xará,
Pois é, aliás, fazendo a pesquisa para o 'post', me deparei com uma frase do árbitro belga Jean Langenus, que apitou em 1934, lapidar: "A Itália desejava vencer. Era natural, mas eles tornaram isso muito óbvio"!
Genial, não?
Abraços,

 
At 4:54 PM, Blogger Michel Costa said...

A dúvida do Prisma é tbém a minha, Rodolfo.
Muitos dizem que Mussolini ordenou a manipulação da arbitragem do Mundial em destaque para ajudar na consolidação de seu regime fascista (algo que a ditadura militar brasileira tbém tentou).
E ninguém melhor do que você para esclarecer esse ponto obscuro da história das Copas.

Abraço e parabéns pela iniciativa. Como fã da história do futebol, vou acompanhar essa nova série com muita atenção.

 
At 4:56 PM, Blogger Michel Costa said...

Ah, e que fique claro. Quando cito a ditadura brasileira, me refiro a utilização do futebol como uma das colunas do chamado Milagre Brasileiro.

Abs

 
At 5:22 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Michel,
Primeiramente, muito obrigado pela visita e fico extremamente feliz que tenha gostado, será uma motivação a mais para escrever os próximos capítulos!
Agora, quanto a questão das arbitragens, certamente Mussolini desejava muito a vitória para exaltar o regime fascista e houveram lamentações, em especial por parte de espanhóis e austríacos, nos jogos contra a Itália.
Mas, eu não chegaria ao ponto de creditar o sucesso italiano a uma eventual manipulação da arbitragem, até porque não acredito que o célebre Jules Rimet fosse conivente com tal atitude.
De qualquer maneira, certamente o 'palco' foi armado para ver os italianos campeões e estes acabaram não decepcionando.
Aliás, essas 'divagações' sobre arbitragens em Copas estão espalhadas por toda a sua história, bastando lembrar, bem mais recentemente, as eliminações de Espanha e Itália frente a Coréia do Sul, tão lamentadas...
Abraços,

 
At 10:17 PM, Blogger João Caniço said...

Rodolfo, essa frase histórica do lendário Pozzo sublinha na perfeição o sentimento vivido nesse Mundial'34.
Já li bastante sobre a temática dos Campeonatos do Mundo, nomeadamente os primeiros, sempre com factos singulares a marcá-los e realmente o de 34 fica marcado pela pressão de Mussolini em fazer da Itália campeã.
A maneira duvidosa como espanhóis e austríacos caíram, nomeadamente os ibéricos é digna de consideração. Reza a história que o confrontos dos quartos-de-final foi uma verdadeira batalha campal com os espanhóis a saírem mais mal tratados do que os italianos. Tudo isto com a complacência do árbitro do desafio. O próprio Zamora não recuperaria para o dia seguinte.
Finalmente, na final o célebre bilhete da 'vitória ou morte' exposto no balneário italiano e a estrelinha 'azzurra' que teve quase a sofrer o 0-2 e deu a volta de forma incrível.
Parabéns pelo texto e pela iniciativa, abraços

 
At 10:27 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

JP,
Muitíssimo obrigado pelo verdadeiro complemento ao 'post'!
Abraços,

 
At 4:43 PM, Anonymous Prisma said...

Só pra deixar claro que deve ter havido uma pressão em cima dos arbitros e principalmente em cima dos jogadores italianos, esta ultima uma verdadeira ameaça.

 
At 7:44 PM, Anonymous Fabriani Melazzo said...

E pra enriquecer nosso debate, é muito bom ressaltar que o futebol italiano deve muito ao Duce. Foi ele quem construiu 90% dos estádios da velha Bota.

 
At 8:49 PM, Blogger Rodolfo Moura said...

Fabriani,
É verdade, o próprio Olimpico de Roma foi inaugurado, inicialmente, em 1937, quando o Foro Italico era simplesmente ... Foro Mussolini.
Aliás, a final da Copa de 1934 foi dusputada no 'Stadio del Partito Nazionale Fascista'...
'Mama mia'!
Abraços,

 

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